Por Ruth Rodrigues Di Giorgio
Em que mundo vivemos, já não tenho a menor idéia. Durante séculos deveríamos ser mais pra “cheinhas”. Centenas de anos depois, a moda passou a ser a mulher “violão”: corpo fofinho, cintura fina, seios grandes, quadris largos e pernas bem torneadas. As roupas (ou ausência delas) reforçavam as formas voluptosas da mulher . Hoje tudo mudou: a mulher tem é que ser magra. Voltemos, pois, do princípio que é de onde devemos começar.
Nos séculos XV e XVI, por exemplo, se viveu o apogeu das mulheres “bem constituídas”. A mulher deveria ser roliça (gorda mesmo), ancas largas e seios fartos. Este padrão foi bem representado pelos pintores italianos Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo e Rafael. As mulheres daquela época também se maquiavam e, na roupa, usavam truques para favorecer seus dotes. Assim, para destacar os seios (mais uma vez, os seios) se espremiam, se sufocavam, em espartilhos apertadíssimos.
Dando um salto para o século XX, tivemos o padrão “gostosa”, de uns cinquenta anos atrás. Padrão bem representados por atrizes como Sophia Loren, Claudia Cardinale.
Já pelo fim do mesmo século o “ideal de beleza” passou a ser as magras, magérrimas, sem bumbum e com pouco peito. Lá se foram as donas de seios fartos atrás de cirurgião plástico pra reduzi-los. A desculpa é que pesavam tanto que causavam dores nas costas, problemas na coluna. Se elas tivessem esperado pra ver...
E o que se vê agora é que o bom é sermos magras (ou magérrimas, esquálidas). No entanto o corpo deve ser bem malhado e bumbum empinado. Já as bocas e seios, o usual, pra quem pode, é aumentar e aumentar. Elas transformam o que é possível nas mãos de especialistas que até parcelam as cirurgias. Classe média pode? –Pode. Passou a ser importante, importantíssimo inflar, inflar e inflar. E assim caminha a humanidade num “tal de tira, bota e deixa ficar”.
Mas, que me perdôe o caro (a) leitor (a) por ter me prolongado neste preâmbulo. Acabei me empolgando. A nossa historinha de hoje, de renascentista, só tem a fartura dos seios retratada em tantas obras. O que tenho pra comentar é o caso de uma ex-agente imobiliária de nome Julie-Ann, de 27 anos que, repetidas vezes foi importunada por seu chefe por ter,( Acredite!) seios grandes. A moça, disse que chegou a ser mesmo humilhada pelo tal chefe de nome Gerard Probert. Segundo Julie, o abusado chefe chegou a sugerir que ela trocasse de roupa ou mudasse o tamanho dos seios.
Julie contou ainda que o chefe também abusou de sua autoridade, aliás, não cumpriu suas obrigações legais e deixou de pagar seus salários antes do Natal passado. Teria sugerido que o namorado da moça avantajada pagasse suas contas e mandou a moça pra casa. Desempregada. A ex-agente imobiliária disse que teve uma crise de auto-estima e caiu em depressão. Mas não deixou a humilhação à toa. Decidiu ir à luta.
A briga foi parar num Tribunal Britânico, no sul da Inglaterra, que deferiu em favor de Julie-Ann. Seu ex-patrâo vai ser obrigado a pagar uma indenização de 30 mil libras por discriminação sexual, demissão injusta e salários não pagos. O que Julie vai receber é o equivalente a R$ 94 mil. Dinheiro suficiente pra ela mudar, se quiser, o que lhe der na telha.