Querido amigo,
Ainda estou muito triste com sua partida. E lamento nem ter podido me despedir. Já chorei, briguei, e, agora estou...nem sei. Você não sabe, mas o álbum que fizemos jamais foi visto por outros e permanece guardado. E mesmo esta foto que agora publico, é pouco conhecida. Fica num porta-retrato pra só eu ver. Vai entender...
Desde que soube que você estava doente, temi pelo pior. Mas não imginei que fosse de forma tão rápida. E, desde o momento que soube, pedacinhos de filmes passam na minha cabeça. O primeiro, claro, o do nosso primeiro contato que não houve. Creio que 1988, próximo ao dia das eleições. Haveria um detate na Globo-BH entre você e Eduardo Azerêdo, o outro candidato. Ele foi. Você nem deu notícias. O debate virou entrevista mas você ganhou as eleições.
Já empossado, em 1999, em uma das primeiras coletivas, lá fui eu como repórter da Globo, que trasmitiria ao vivo. Fiz a minha pergunta, nem lembro mais o quê. Além de não responder, vc saiu-se com esta:"Pra perguntar isto, logo se sabe que a senhora não conhece a história de Minas Gerais...". Eu mal conseguia ouvir o resto mas, me contive e voltei a insistir:"Ok, Governador, mas o senhor não respondeu minha pergunta e vou repetir". Ele acabou respondendo do jeito que quis e, ao chegar na redação, fui cumprimentada pela cara de pau e insistencia.
E o tempo e Governo foram passando. Volta e meia lá estava eu. Passados alguns meses, Itamar foi-se acostumando à minha presença e, vez por outra, perguntava sobre minhas origens, elogiava Sergipe e, assim, aos poucos fomos nos aproximando. Algum tempo depois, veio a amizade, de acordo com o ritmo e humor do Governador mineiro. Pulemos agora pra 2002, quando já tínhamos o que falar que não fosse política mineira. Na verdade, era mais pra amenidade mesmo.
E numa tarde qualquer, ele chamou o fotógrafo e cismou de fazermos umas fotos. Ok. Pedi apenas que fotos e negativos ficassem posteriormente comigo. E assim ficou combinado. E cumprido. No dia seguinte recebi o "ensaio" e os negativos pouco antes de entrar para assistir um concerto com ele, no Palácio das Artes. Confesso que, cansada, dormi durante a apresentação e só acordei no susto, já no final.
Na saída ele deu entrevista (eu observando de longe) e pouco depois me deixou em casa, acompanhado por Hargreaves.
E fizemos este percurso, como todos, falando e rindo sem parar. Desde que ficamos amigos ele insistia que o chamasse pelo nome. Nunca me senti à vontade. Passei a chamá-lo de professor e ele achava graça.
Teria outras histórias, sempre de um homem extremamente inteligente, doce, espirituoso e amigo. Mas por hoje, basta.
Receba meu carinho e admiração, querido professor.
Anna Ruth Rodrigues Di Giorgio
QUERIDA AMIGA, O SEU ARTIGO FOI TRANCRITO NO MEU BLOG. ESTOU MUITO EMOCIONADA E HONRADA.
ResponderExcluirhttp://adonadosenadofederal.blogspot.com
Anna, parabéns, como é gostoso ler um texto que vem do coração.
ResponderExcluirclovis_s
Enquanto lia este emocionante relato , não consegui deixar de sorrir por tão linda experiência, acredito realmente que homens como o Sr. Itamar Franco deixará lacunas em nossa política, lacunas estas que dificilmente serão preenchidas, já que honra e comprometimento como os dele estão cada vez mais escassos em nossos líderes, parabéns.
ResponderExcluirBem, e quero completar com:
ResponderExcluirO essencial é saber ver.
Saber ver sem estar a pensar
Saber ver quando se vê
E nem pensar quando se vê
Nem vê quando se pensa.
Versos de Fernando Pessoa, que ele utilizou em seu discurso de posse.
O que fica, o que vemos, é a imagem de um grande homem.
São momentos que jamais serão esquecidos, guarde-os com todo o carinho no coração, pois faz parte da sua história. Bela homenagem a um homem que teve o nome associado à ETICA. Deve ter sido uma suave amizade.
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